História
História da fundação da AGEPOL
Nascida em 1960, Brasília, a nova Capital do Brasil, tinha sua Segurança Pública feita pelo Departamento Federal de Segurança Pública – antigo DFSP, oriundo do Estado do Rio de Janeiro, que se incorporou aos servidores da Guarda Especial de Brasília – GEB. Em 1964, o DFSP foi reorganizado, sendo acrescido a sua estrutura a Polícia Civil do Distrito Federal. Por volta de 1968 a GEB foi dividida em Polícia Metropolitana do Distrito Federal e Departamento de Polícia Federal, quando então, muitos Policiais Civis optaram por fazer parte do DPF e outros permaneceram na Polícia Metropolitana.
Nessa década os Agentes instituíram a Associação do DFSP, que faliu em pouco tempo, provavelmente, pela tensão diante das sanções impostas pelos governos militares, que não admitiam a formação sindical. Isso já no final da década de 1970.
Mas o ideal de criar uma Associação, cujo objetivo era lutar pelos interesses da categoria não desanimou alguns Policiais Civis, dentre eles José Rodrigues de Melo, mais conhecido como “Melinho”, Milton Gomes de Lima, também conhecido por “Milton Preto” e Florentino Martins (de camisa listrada na foto).
Em 1979, o Agente de Polícia Florentino Martins conheceu de perto a Associação dos Investigadores de Polícia da SSP/SP. Durante a visita nasceu à ideia de tentar novamente fundar uma Associação no Distrito Federal, período em que era vedado aos Policiais Civis, o direito a sindicalizar-se, mesmo porque, a própria Constituição proibia. Baseado no Estatuto daquela Associação, Martins conseguiu fundar, em 23 de abril de 1979, a Associação que, inicialmente, chamou-se AGESPOL (Associação dos Agentes e Escrivães de Polícia do Distrito Federal), conforme Ata transcrita abaixo.
A fundação da Entidade não foi simples. Muitos encontros foram realizados com escopo de unir os policiais para criação da Associação. Graças à unificação dos Chefes de Seção conseguiu-se à aprovação do Estatuto, durante reuniões, às terças-feiras, na sede da Secretaria de Segurança Pública.
Um dos principais objetivos de fomentar a Associação foi o descaso do Governo do Distrito Federal e da Instituição Policial Civil que não dava qualquer amparo aos policiais. Apenas cobrava trabalho e prisões. Era uma vida dedicada tão somente à polícia. Não se tinha hora para chegar em casa, mas tinha hora para chegar na delegacia, relata “Melinho”. E acrescenta: quando um colega morria, não havia qualquer apoio das autoridades. Tínhamos que fazer “vaquinhas” para providenciar o sepultamento, e o que sobrava dávamos para a viúva. Tempos difíceis aqueles. Mas tínhamos muita união e respeito. Éramos irmãos.
Viu-se, então, a necessidade de criar uma Associação que simbolizasse segurança e união entre os Policiais Civis, em busca de lazer e benefícios para toda a categoria.
Fundada a Associação, foi eleito o presidente interino - Agente de Polícia Florentino Martins (1979 a 1983). A Sede Social da Associação funcionou, inicialmente, em instalações da SSP, onde a secretária do Diretor Geral auxiliou a Entidade preenchendo fichas de filiação.
Ivan Baptista Dias (IVAN KOJAK, que foi entrevistado antes de seu falecimento) e outros “gebianos” foram unânimes em afirmar: a Associação foi criada para cobrir a omissão Estatal, uma vez que nos casos de falecimento de policial civil, em serviço, principalmente, ou não, a Administração não prestava qualquer auxílio ou assistência, ficando as famílias órfãs, aos cuidados dos colegas policiais que cotizavam e compravam mantimentos para mantê-las.
Na primeira assembleia realizada no CPE (hoje, DPE - Departamento de Polícia Especializada) foi aprovada a abertura da Associação para todas as classes policiais, admitindo-se, além dos Agentes de Polícia e Escrivães, os Delegados, os Peritos Criminais, Legistas, Papiloscopistas e os Agentes Penitenciários. Com essa abertura a Associação passou a se chamar AGEPOL.
A sede da AGEPOL mudou para a SEUP Sul, EQ. 713/913, onde era instalado o Posto de Assistência e Segurança, que nunca teve funcionalidade. Com muito sacrifício o local foi reformado e passou a ser ponto de reunião e encontros sociais. A entidade realizou a primeira festa junina do policial civil e várias outras, defronte à sede (W-Sul). Outras, feitas em parcerias com a ADEPOL e nos anos seguintes, realizados diversos torneios esportivos, sempre com a participação das policias: militar, federal e das Forças Armadas, culminando com o baile do policial civil.
A criação da AGEPOL foi bastante combatida pelo governo, mas os colegas resistiram apesar das perseguições políticas muito fortes no regime militar. Uma simples reivindicação já era motivo de prisão. Iniciava ali uma batalha junto às autoridades na busca por melhores condições de trabalho, efetivo e salários. A AGEPOL desempenhava todo o papel de um sindicato, sendo Entidade reivindicadora e defensora dos policiais civis, tanto que: em 28 de agosto de 1981 o presidente foi entrevistado pelo Correio Braziliense, sobre a matéria entitulada: Agente acusa a Lei de beneficiar crime – presidente da Associação dos Agentes Policiais se solidariza com colegas: “Lei protege mesmo”, reportagem que rendeu meia página.
Em 1983, a AGEPOL passou a ser comandada pelo presidente eleito Ivan Baptista Dias, o Kojak, que alterou o Estatuto Social criando a Associação Geral dos Policiais da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Com a adesão em massa dos policiais, a AGEPOL passou a representar todos os servidores até 1990, quando se deu a fundação do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal – SINPOL/DF, após a autorização Constitucional de 1988.
Ivan Kojak marcou sua administração com a compra do terreno no Setorconstrucao clube de Clubes Sul, onde funciona hoje o Clube da Agepol. Na época não se tinha dinheiro para adquirir o terreno junto a Velhacap, hoje Terracap, e para dificultar ainda mais havia muitos pretendentes para área. Ivan Kojak, então, astuciosamente, fechou o negócio, dando um cheque com uma única assinatura, apenas do tesoureiro, para ganhar tempo. Nesse ínterim, Kojak pegou o dinheiro da entrada emprestado com o próprio pai e completou o pagamento. Fechado o negócio. Tínhamos um terreno que hoje é estabelecido o Clube Social da Agepol.
Mas não foi só a compra do terreno que a gestão do Kojak, de 1983 a 1987 se consagrou. As conquistas salariais de hoje, também se deve muito aos dirigentes da AGEPOL daquela época. Vale registrar que 1985, o presidente da Entidade viajou para o Rio de Janeiro para se encontrar com o então Presidente da República, General João Batista Figueiredo no Sítio do Dragão – Teresópolis/RJ, para reivindicar paridade com a Polícia Federal, que a época havia sido agraciada com aumento salarial. Kojak convenceu o Presidente da República mostrando a Lei nº 4.878/65 e a Lei nº 59.310/65, as quais tratavam as Policias Civil do DF e a Polícia Federal, como co-irmãs. Kojak era amigo do Presidente, na época em que o mesmo era Coronel do Exército, segundo informou alguns policiais “gebianos” entrevistados.
Enquanto Kojak negociava no Rio de Janeiro, os policiais associados à AGEPOL estavam mobilizados em assembleia no Cruzeiro, onde funcionava a DITEL, os quais, em represália, foram cercados pela Polícia Militar a mando do Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. O presidente Figueiredo, que já estava no final de seu governo, assinou um ato aumentando o salário da polícia civil, equiparando aos federais. Um reajuste de aproximadamente 300%.
Vale homenagear os sócios fundadores daquela época em que se associar a algo era temerário e poderia ser confundido com alguém “politicamente incorreto”, além de sofrer as perseguições funcionais.
Ata da 1ª reunião para fundação da Associação dos Agentes e Escrivães de Polícia do Distrito Federal - “AGESPOL”.
Aos vinte e três (23) dias do mês de abril do ano de hum mil, novecentos e setenta e nove (1979), neste Distrito Federal, na Quadra 909, bloco 2, lojas 8 e 9, Asa Sul, reuniram-se abaixo assinados, com a finalidade de fundarem uma Associação, com finalidade beneficientes e filantropicas, agregando Agentes e Escrivães de Polícia da SEP – DF. Entre os presentes, foram escolhidos os agentes Martins, Laudemiro e Heitor, para a direção dos trabalhos. O primeiro nominado esclareceu aos presentes as finalidades a que se propunha a Associação e iniciando-se os debates para apreciação dos Estatutos e melhor forma de ser angariar fundos necessários a fazer face às despesas iniciais. Entre as varias propostas apresentadas, o agente Ivan Batista Dias apresentou a de se abrir um Livro de Ouro, para que os amigos da classe e, um Assembleia geral, se colhesse a colaboração espontânea de cada um dos presentes. Sem outros assuntos, foi marcado o dia 11 (onze) de maio do corrente ano, na sala de reuniões da SEP/DF, a Assembleia geral. Brasília, 23 de abril de 1979-sic.
Florentino Martins - presidente
Heitor Ippoliti – 16ª DP
José Ferreira Filho
Laudemiro Correia de Freitas
Arnaldo Peixoto
Eliezer Basílio (falecido)
Ivan Batista Dias (Kojak, falecido)
José Rodrigues de Melo
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